Ao navegar hoje, quinta-feira, dia
21 de maio de 2015, no site da COGERH, fiquei surpreso e ao mesmo tempo
contrariado com o que avistei. Passados aproximadamente 9 meses desde o levantamento de batimetria (realizado em setembro/2014), ou seja, uma gestação inteira, ainda não atualizaram
os valores reais referente ao armazenamento d’água da barragem do Patu. No site,
acusa-se erroneamente que a barragem conta atualmente com 8.777.000 m3
(12,2%), absurdo! Na real, conforme o resultado de batimetria da própria COGERH,
a barragem do Patu está com aproximadamente 3.800.000 m3 d’água (apenas 6% de sua capacidade). Para que possamos entender como a
situação é grave, basta voltarmos aos anos de 2012, 2013 e 2014 (4 anos de seca). Entre os meses de junho a dezembro dos
referidos anos (meses em que não chove, ou seja, não se tem entradas de água na
barragem) foram consumidos o volume de junho - dezembro/2012 (18.053.772 m3); junho -
dezembro/2013 (10.067.661 m3)
e junho - dezembro/2014 (10.254.000 m3).
E agora? Sabendo que a Barragem só conta com 3.800.000 m3, apenas 30% do que vem sendo consumido entre
junho e dezembro dos anos anteriores!!! É de se preocupar ou não é?
Mesmo com a gravíssima situação,
a COGERH com anuência do Comitê de Bacias Hidrográficas do rio Banabuiú, da
qual temos representantes sempre ausentes junto às tomadas de decisões em favor
do interesse coletivo. Mesmo com a grave escassez de chuvas, o Comitê resolve
deliberar pela continuidade da liberação de água, soltando até o mês de
agosto/2015 a vazão média de 180l/s (liberação
que equivale a 1.500 carros pipas por dia). E qual a justificativa para
tanta água liberada por dia? Há interesses maiores por trás? Será realmente o
motivo maior o entendimento ao “consumo do SAAE do município de Milhã”? A
adutora que leva a água para Milhã foi construída na comunidade do Inharé. Mas
a verdade é que não estão liberando apenas água para Milhã. Só para que você
tenha uma ideia, apenas a quantidade de água que se perde para o subsolo por
infiltração neste trajeto (Barragem do Patu – Adutora Inharé) equivale a 58 l/s
(equivalente a 500 carros pipas jogado
fora todos os dias), já o quantitativo para irrigação é de 45 l/s (ou seja,
388 carros pipas todos os dias). A
previsão da COGERH é que no dia 26 de outubro de 2015 a barragem vai atingir o
seu mínimo volume operacional, traduzindo... atingirá o volume morto, portanto
o nível da água ficará abaixo da válvula dispersora (o famoso vel. de noiva).
Na minha concepção, frente ao
período de escassez de chuvas que se avizinha no segundo semestre, a única solução
para que não falte este líquido tão precioso às famílias de Senador Pompeu,
talvez já seja tarde demais, parte da instalação urgente de adutora de engate
rápido, extraindo diretamente da Barragem do Patu até o Distrito do Inharé ou
Genipapeiro, e de lá para Milhã, dessa maneira se evitaria as excessivas perdas
durante o percurso ao longo do leito seco do rio. Sem falar que com a redução
da vazão, aumenta-se a concentração de poluentes, contaminantes cancerígenos,
que estão em grande quantidade provenientes dos esgotos de Senador Pompeu,
esgotos que caem diretamente no rio Banabuiu. Esses esgotos estão servindo ao
consumo de Milhã e de muitas outras comunidades ribeirinhas de Senador Pompeu!
E para concluir, cadê o Ministério Público? Cadê a Câmara? Cadê o prefeito?
Cadê os Deputados? Cadê as instituições? E cadê a sociedade? Depois não adianta
mais chorar o leite derramado!
DEODATO DO NASCIMENTO AQUINO
Engenheiro Agrônomo (Doutorando em Manejo de Bacias
Hidrográficas pela Universidade Federal do Ceará)
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