Para minha surpresa e alegria, o aluno Lemos Neto, de dezesseis anos, veio me pedir “Os Valores do Inimigo”, de Pedro Salgueiro, e “Crônicas Absurdas de Segunda”, de Raimundo Netto. Fiquei curioso e perguntei-lhe quem havia indicado tais livros. “Ninguém”, ele respondeu. Disse-me que havia pesquisado sozinho alguns autores cearenses na internet. Fiquei certo de que a literatura pode germinar entre flores e pedras.
Agora segue a notícia desagradável: na calçada de minha casa, há uma árvore frondosa que virou point da moçada. Na sombra dessa árvore, eles fazem uma algazarra que incomoda os moradores da vizinhança. Minha companheira, por várias vezes, pediu silêncio e não foi atendida.
Um dia, ao chegar em casa, deparei-me com a calçada apinhada de adolescentes em pleno fuzuê. Resolvi enfrentá-los: puxei um livro de minha lavra, um dos últimos exemplares de “Senador Pompeu em Crônicas”, em que conto a história da cidade através de pequenos perfis biográficos. Autografei o livro e dei a eles de presente. Houve um silêncio geral após o meu gesto. Disse que o livro deveria ser lido por todos e que eu mesmo faria perguntas sobre os personagens citados. Daquele dia em diante, a calçada se esvaziou.
Em tempos de Whatsapp, Instagran e Twitter, está cada vez mais difícil encontrar pessoas portando livros. É um bálsamo encontrar jovens ávidos por leitura. Fiquei triste ao constatar que a sombra de minha árvore foi apenas miragem num deserto sem literatura. Fiquei feliz com a certeza de que, se algum dia o Lemos Neto tornar-se Ministros de Estado, jamais cometerá erros grosseiros contra o vernáculo nacional.
Lemos Neto citado no texto do Escritor Junior Saraiva é filho do leiteiro e vigia Marcone do Leite, filho do saudoso José de Lemos.
Saraiva Júnior,
Escritor e ex-conselheiro do jornal O Povo.
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